sábado, 11 de maio de 2013

Mecanismos de Controle Cardíaco

O coração não é dependente exclusivamente do sistema nervoso central (SNC) para regulação da frequência cardíaca, mas é por ele muito influenciado através de regulações realizadas pelo sistema simpático e parassimpático.
Os nervos parassimpáticos tem a capacidade de causar os seguintes efeitos sobre o coração: diminui a frequência cardíaca, diminui a força da contração atrial, aumenta o período de retardo entre as contrações arteriais e ventriculares e diminui a fluxo nos vasos sanguíneos que irrigam o coração. Ou seja, em última análise, o sistema parassimpático tem função inibitória sobre o coração.
O sistema simpático tem efeitos opostos no coração. Ele é portanto excitatório, aumentando tudo o que o sistema parassimpático reduz. O perfeito balanço entre os dois sistemas dá ao coração o estímulo correto para frequência cardíaca.

Os neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso simpático secretam fundamentalmente noradrenalina, são neurônios adrenérgicos. Já os mesmos neurônios no sistema parassimpático secretam acetilcolina em suas sinapses e são chamados de colinérgicos muscarínicos. Ambos neurônios - adrenérgicos ou muscarínicos - podem ter suas sinapses bloqueadas pela ação de beta-bloqueadores: propranolol e atropina, respectivamente, cumprem esse papel.

Com base nas informações acima, vamos analisar o gráfico abaixo gerado após um experimento com pessoas que participaram de uma pesquisa, tendo sido divididas em 4 grupos e submetidas a uma carga de exercícios físicos. Um grupo foi submetido à doses de atropina, outro à doses de propralonol, outro à doses de atropina e propranolol,  e um quarto grupo à doses de um placebo qualquer.


Podemos observar acima que, o grupo que recebeu atropina iniciou os trabalhos com sua frequência cardíaca mais elevada que os demais e manteve-se assim até o fim do trabalho. Era de se esperar exatamente isso, pois o sistema parassimpático estava inibido, não havendo portanto estímulo para inibição. O grupo que recebeu doses de propranolol foi o que iniciou com a frequência cardíaca mais baixa e assim se manteve por razão análoga ao grupo que recebeu atropina: agora, foi o sistema simpático o inibido e, portanto, não haviam impulsos excitatórios para aumento da frequência cardíaca.

O grupo que recebeu um placebo - uma substância sem efeito no organismo - reagiu com início semelhante ao grupo que recebeu propranolol e término da atividade semelhante ao grupo que recebeu atropina. Nesse caso, ambos sistemas - simpático e parassimpático - atuaram de forma não bloqueada, deixando a frequência cardíaca compatível com a carga de trabalho oferecida ao participante da pesquisa.

A curiosidade maior desse trabalho foi o grupo que recebeu os dois bloqueadores: atropina e propranolol. Aqui, não havia estímulo excitatório simpático e tampouco o inibitório parassimpático. A frequência cardíaca então se comportou de forma intermediária, com início e fim do trabalho mantendo-se em regiões medianas se comparadas aos grupos que receberam só atropina ou só propranolol.

O que explica esse comportamento? Alguém poderia pensar: Mas sem estímulos do SNC o coração não deveria parar? A resposta é não. Quem regula o coração na ausência dos sistema simpáticos e parassimpáticos é o nodo sinusal, uma estrutura anatômica do coração responsável pela função de marcar o passo natural , ou seja, produz o próprio potencial de ação para o músculo cardíaco.

Agora que entendemos o gráfico, algumas informações úteis para o profissional de educação física:
  • Indivíduos hipertensos que fazem uso do propranolol não têm condições de alcançar a frequência cardíaca de indivíduos sem alterações de pressão sanguínea.
  • Indivíduos transplantados cardíacos têm curva semelhante ao grupo que submeteu-se à doses de antropina e propranolol, pois não têm inervação simpática e parassimpática no órgão recebido. Aliás, neles o elastério (frequência cardíaca máxima menos a frequência cardíaca de repouso) é muito baixo.
  • Indivíduos diabéticos tendem a apresentar gráfico semelhante aos transplantados pois os sistemas simpáticos e parassimpáticos via de regra desgastam-se com o tempo.

E como fica a ação do treinamento sobre os mecanismos de controle da frequência cardíaca?
Nos indivíduos destreinados, a frequência cardíaca de repouso é maior que a do indivíduo destreinado e, submetidos às mesmas cargas de trabalho, ambos mantém-se nessa condição ao longo do tempo. O que ocorre com os indivíduos treinados é que eles têm condições de uma carga maior de trabalho, pois demoram mais a alcançar a frequência cardíaca máxima, conforme podemos observar no gráfico acima. Isso ocorre porque o exercício físico proporciona uma redução da atividade simpática e da intrínseca (nodal), bem como uma excitação da atividade parassimpática.





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