Existem muitos hormônios que são secretados pelo hipotálamo com atuação na hipófise. Essa, por sua vez, secreta também hormônios que agem nas mais variadas glândulas que, num efeito cascata, também produzem hormônios que incidirão sobre células e sobre elas produzirão diversos efeitos. Na imagem abaixo, temos uma representação desses hormônios em cascata.
Na primeira linha da imagem, temos os hormônios hipotalâmicos; na segunda linha, os hormônios da hipófise; na terceira, as glândulas e seus respectivos hormônios; e, por fim, na quarta linha, o efeito final dos hormônios. Nota-se que a prolactina é um hormônio produzido pela hipófise que tem ação direta nas mamas, sem uma glândula de atuação intermediária.
Pois bem, da figura acima, destacaremos e abordaremos com maior profundidade - principalmente no que tange à fisiologia do exercício - os hormônios GnRH (e, com isso, também o FSH e o LH) e o TRH (de maneira análoga, também TSH)
GnRH -> FSH/LH
O hormônio liberador de gonadotrofina, de sigla GnRH, é um hormônio polipeptídico sintetizado pelo hipotálamo, que age sobre a hipófise e leva à liberação dos hormônios LH e FSH (hormônio luteinizante e folículo-estimulante, respectivamente). Esses hormônios agirão sobre as gônodas (ambos sexos). Os hormônios secretados pelas gônodas são a testosterona, a progesterona e o estrogêneo.
Abaixo, uma representação do ciclo ovárico feminino, com duração média de 28 dias.
Pela representação acima, podemos perceber que, aproximadamente 15 dias antes da menstruação ocorre um pico de LH e FSH no corpo feminino, devido à necessidade de formação do folículo de Graaf e a consequente ovulação. A partir do 14º dia ocorre um aumento da progesterona visando formação do corpo lúteo que, caso não contenha um óvulo fertilizado, acabará se desintegrando e, juntamente com o descarte do endométrio funcional do útero, redundará em um novo ciclo ovárico.
Pois bem, como o exercício pode interferir nesse ciclo?
Se a mulher fizer exercícios físicos em excesso o percentual de gordura diminui. Com pouca gordura no organismo, o colesterol disponível inevitavelmente também é baixo e, como o estrogênio e a progesterona são esteroides precisam do colesterol como molécula precursora. Logo, não havendo colesterol em quantidade suficiente, não há estrogênio e tampouco progesterona. E não havendo esses hormônios, ocorre a menorreia - ausência de menstruação.
Se, por um lado, o exercício físico pode ser prejudicial à mulher, também é possível afirmar que, na quantidade certa, pode trazer benefícios. Como vimos anteriormente nesse blog, o exercício físico libera endorfina no organismo, o que gera sensação de bem estar, analgesia e sonolência. Esses efeitos são particularmente importantes para a mulher na Desordem Diaforética Menstrual, popularmente conhecida como Tensão Pré-Menstrual ou simplesmente TPM. A TPM assim chamada é caracterizada pelo estado irritadiço, angustiado, depressivo e mal humorado das mulheres particularmente nos últimos dias do ciclo menstrual.
Já no homem, não há ciclo algum. Os hormônios gonadotróficos no homem atuam em equilíbrio permanente, não sendo alterados significativamente ao longo do tempo. No entanto, o exercício físico tem a capacidade de aumentar a testosterona disponível e essa redunda em aumento de massa muscular. Assim, muitos homens valem-se e anabólicos esteroides para obter rapidamente aumento muscular, sem preocupar-se com os efeitos que podem vir a curto, médio e longo prazo, conforme tabela abaixo:
Efeitos de anabólicos esteroides | Homem | Mulher |
Curto Prazo | aumento de massa muscular | aumento de massa muscular |
diminuição da espermatogênese | diminuição da ovulogênese | |
diminuição dos pelos corporais | aumento de pelos corporais | |
aumento do tom de voz | diminuição do tom de voz | |
ginegomastia | hipertrofia do clítoris | |
atrofia mamária | ||
Médio Prazo | esterilidade | esterilidade |
diminuição da libido | diminuição da libido | |
Longo Prazo | neoplasia hepática | neoplasia hepática |
neoplasia da próstata | neoplasia ovariana | |
neoplasia mamária |
TRH -> TSH -> T3/T4
O TRH é o hormônio estimulador do TSH hipofisário, que por sua vez regula a secreção de T3 e T4 pela tireoide, que é uma glândula localizada anteriormente à traqueia, acima da laringe.
T3 e T4, tem, entre suas principais funções no organismo humano:
- A transcrição nuclear de grande número de genes. Logo, em muitos locais, causam o aumento de células protéicas, enzimas e por fim aumentam o metabolismo orgânico.
- O metabolismo dos alimentos é aumentado
- Os processos mentais são excitados
- Crescimento acelerado (jovens)
- Estímulo ao número de mitocôndrias – Aumenta a taxa de síntese de ATP.
- Alta atividade da enzima sódio-potássio ATPase = alta quantidade de calor produzido.
- Há um importante efeito dos hormônios tireóideos no crescimento
Assim, havendo desordem tireoidiana, podemos ter um hipotireoidismo - onde ocorre, entre outros sintomas, uma diminuição da taxa metabólica - ou um hipertireoidismo - que tem entre suas principais características o aumento da taxa metabólica.
Com o exercício físico pode agir no metabolismo? O gráfico abaixo dá uma ideia:
Pela análise do gráfico acima, podemos perceber que T3 e T4 mantinham-sem estáveis até a aplicação do exercício físico. A partir do exercício físico, há um forte descompasso desse hormônio, onde inicialmente há uma elevação de sua quantidade no organismo humano, aumentando portanto o metabolismo. No entanto, o retorno à normalidade não se dá imediatamente, ocorrendo inúmeras diminuições e elevações num efeito rebote que custa a adequar-se aos níveis normais anteriores ao exercício. Ainda assim, mesmo com esse efeito homeostásico mais lento, os momentos em que T3 e T4 estão elevados são mais duradouros do que os momentos de diminuição, o que faz com que uma única sessão de exercício provoque aumento do metabolismo por um longo período de tempo mesmo após o encerramento da atividade física.
Partindo do princípio que o exercício físico mantém os níveis de T3 e T4 elevados e, com isso, o metabolismo mantém-se elevado, podemos derivar nossa análise para as técnicas de emagrecimento e entender como funciona um regime para perda de peso eficiente.
A dieta pobre em calorias, por si só não é capaz de emagrecer. Isso até funciona nos primeiros dias, mas o metabolismo tende a adaptar-se ao novo regime de ingestão calórico e, num intervalo de 3 ou 4 semanas, o gasto calórico está adaptado à nova ingestão calórica. nesse período até se perde alguns quilos, mas a partir da homeostasia ingestão/gasto calórico, a perda de peso cessa.
Por outro lado, o exercício físico sem redução de ingestão calórica também é ineficiente, pois as calorias perdidas em 3, 4 ou mais sessões de atividades físicas semanais são facilmente repostas no organismos, às vezes em uma só "sentada" à mesa.
Qual a fórmula do emagrecimento então? Observe o gráfico abaixo.
Conforme explicado no parágrafo anterior, o gasto calórico - sem o acompanhamento de exercícios físicos - tende a acompanhar a linha da ingestão de calorias do indivíduo em dieta. No entanto, se o indivíduo incluir em seu regime sessões de exercício físico numa frequência de dois em dois dias, por exemplo, ele manterá seu metabolismo elevado como vimos no penúltimo gráfico. Assim, com uma grande diferença entre a ingestão calórica e o gasto calórico, há perda de peso e sucesso no regime de emagrecimento.